Era um dia claro, iluminado, deitado, abrindo
meus olhos, olhei pela janela e vi aquele dia aclarado, era manhã e o dia principiava,
deitado permaneci. Esperando que a força do corpo viesse para me levantar, mas
era lânguido, como uma raiz eu permaneci deitado. Olhei para o lado, olhei para
o outro não vi ninguém, mas somente paredes com os olhos brancos e manchas
escuras me observavam naquela manhã; deitado permaneci. Senti que a brisa
fresca daquele vento calmo invadia aquele lugar, mas permaneci deitado. Percebi
que as cortinas daquela janela se balançavam lentamente conforme o bafejar
daquela brisa; deitado permaneci; sentia que as forças do meu corpo começavam a
aparecer, mas permaneci deitado. Ainda sem estímulo para levantar comecei a
pensar, lembrei-me daquela há qual um dia me fez chorar; meu coração começou a
doer, a dor iniciava pelo peito e aos poucos tolhia todo o meu corpo; deitado
permaneci, mas lembrei-me que precisava levantar, tentei esquecer aquela que me
fez chorar, e como uma grande e pesada pedra sendo empurrada por dez homens era
aquela que me fez lembrar, a força que tinha encetado começou a dissipar; mas permaneci deitado.
Olhei mais uma vez em minha volta e vi que a grande esfera de luz refletia em
um espelho e clareava os olhos brancos daquelas paredes, mas deitado permaneci.
Percebi que a grande e pesada pedra começou a rescindir e a força em meu corpo
começou raiar, e como quelônio, movimentei os braços, as pernas e todo o corpo,
mas permaneci deitado. Tirando a manta sobre meu pesado corpo deitado permaneci;
olhei novamente as paredes, mas o reflexo da grande esfera sobre o espelho já
tinha desvanecido, levantei fiquei sentado, como testudíneo entesei meus braços
para o alto e morosamente movimentei o pescoço, olhei para o solo, procurei e
coloquei meus calçados, levantei-me, e como um raio caindo sobre um terreno as
forças do meu corpo deliu e ruiu no chão, abrindo meus olhos vi que continuava
na cama, era tudo um sonho e permaneci deitado.
Data:
27/11/2016
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